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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Fiuk diz que já fumou baseado, mas era de orégano

Pelo nome, Felipe Galvão pode parecer um desconhecido. Mas o apelido, Fiuk, e o rosto – ele é a cara do pai, o cantor romântico Fábio Jr. – o impedem de passar despercebido. Estrela do seriado global Malhação, vocalista da banda pop Hori e agora em cartaz com o filme As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bondanzky, Fiuk, 19 anos, é o novo fenômeno adolescente do país. Seu apelido, dado na infância por um amigo, vai batizar em breve uma marca da grife masculina NGCH. É o ápice de uma carreira iniciada há apenas seis meses e já marcada pelo forte assédio de fãs.

"Tem menina que exagera, que chega querendo beijar, achando que já tem uma intimidade gigante com a gente. Mas é normal", diz Fiuk. A simplicidade em relação às fãs e às consequências do sucesso é uma característica que ele procura imprimir à entrevista, concedida por telefone, entre uma mordida e outra num pão-de-queijo da lanchonete do Projac, a sede dos estúdios da Globo. "Não dá tempo de comer um prato de comida", conta. Fiuk jura que não se acha talentoso e que o sucesso não lhe sobe à cabeça. Admite no entanto, quebrando o espectro de menino correto, que já experimentou maconha. "Mas devia ser orégano", desconversa em seguida. Confira abaixo a entrevista de Fiuk a VEJA.com.

Desde que você entrou em Malhação, o assédio feminino cresceu muito. Isso já provocou alguma crise no seu namoro?
A Natalia sente ciúme, não tem como não sentir. Principalmente, porque ela não é desse meio (Natália Frascino, 27 anos, é produtora de moda). Mas ela entende que essa é a minha carreira, o que amo fazer. E que não pode disputar com isso. Ou está comigo ou não está. Não existe meio termo. Quem ama apoia, independentemente da escolha, e nós já estamos juntos há dois anos e pouco.

Tanto assédio infla um pouco o ego?
Não, que é isso? Eu sou de carne e osso, como qualquer ser humano. Receber carinho é uma coisa que eu gosto, mas dou carinho em dobro. Gosto de estar no palco não para curar uma insegurança minha, mas para falar das coisas em que acredito, ouvir as pessoas cantarem minha música, ver um cara torcer por mim, aplaudir algo que fiz. Não tem preço. Eu gosto de ter meu trabalho reconhecido. É isso o que considero sucesso.

Mas você se considera um cara talentoso?
Nem ferrando. É a última coisa que penso. Eu estou aprendendo, como qualquer ser humano. Sou um moleque, acima de tudo.

Seu pai tem uma longa carreira. Ele lhe dá alguma orientação sobre como lidar com o sucesso?
Meu pai me deu o melhor exemplo: ter um show lotado e chegar em casa como um ser humano qualquer, uma pessoa igual às outras. Ele é até mais humano do que muita gente. E ele me ensinou isso. Não tem diferença entre ninguém. Ferro é ferro para todo mundo, não tem diferença entre estar no palco ou na platéia. Você não é melhor do que ninguém porque está na TV, isso é uma ilusão.

Sua relação com seu pai parece boa. Como ele reage às suas conquistas profissionais?
Pô, ele vibra comigo total, cara. Vibra até mais do que eu, é muito bom. Ele é o meu braço direito.

Ele sempre apoiou a sua carreira?
Não. Quando eu virei para ele, aos 13 anos, e disse que queria ser músico, ele falou, "Moleque, você não tem noção do que é essa carreira". Mas eu pedi a gravação de uma demo de presente de aniversário e aí decidi que queria mesmo ser músico. Pedi para ele me ajudar, porque ele é cheio de contatos, e ele disse, "Eu apoio a sua decisão, mas quem vai correr atrás é você". Na época, fiquei nervoso, pensando, "Como meu pai não me ajuda?". Só depois de uns cinco anos fui entender que ele me ajudou mais do que qualquer um nessa Terra. Sou totalmente grato a ele. Ele me deu a mesma garra que teve aos 13 anos, quando vendia jornal na banca do meu avô. Eu me senti assim e foi isso o que me motivou. Se ele tivesse feito diferente, eu não estaria aqui agora.

Você tem medo de ser comparado com o seu pai?
Não. Primeiro que, para eu ser comparado com o meu pai, vai levar ainda uns trinta anos. Ele é meu ídolo. No dia em que me compararem com ele, vou me sentir muito bem, porque o cara é f***. Sou o maior baba-ovo dele.

E com a sua irmã, a atriz Cléo Pires, você já foi comparado?
Não. Que engraçado, é a primeira vez que me perguntam isso. Mas a gente troca bastante figurinha sobre atuação. Quando eu recebi o convite do teste para o filme da Laís Bodanzky, ela foi a primeira pessoa para quem eu liguei, desesperado. "Cléo, Cléo, vou participar do teste do filme, o que eu faço?". Ela virou e falou, "Seja verdadeiro e faça com amor". E foi o que eu fiz. Agarrei com todo o coração que eu tenho e deu certo, graças a Deus.

Sua mãe, Cristina Kartalian, é artista plástica. Você já pensou em entrar nessa área?
Hum-hum. Nada. Nossa, acho que eu tenho mais certeza do que quero fazer profissionalmente do que se eu sou gente. Desde pequeno quero ser músico.

A sua banda, a Hori, pode ser considerada emo?
Não, a gente saiu um pouco dessa. Mas, se fosse, eu também não teria nenhum problema em falar. É um estilo como qualquer outro. O próximo disco vai ser bem Jamiroquai, Jota Quest, uma coisa bem diferente.

Por que você deixou de ser emo?
Acho que por evolução. Na verdade, emocore não é nada do que todo mundo fala. É um heavy metal com letra de amor, vem do hardcore. É um movimento sério que tem nos Estados Unidos. Essa galera usava o cabelinho na cara. Aí, isso caiu no pop-punk e começaram a chamar bandas como NX Zero de emo. Maior mentira, cara. Mas eu larguei esse estilo, porque evoluí musicalmente. Abri um pouco o meu olho. Comecei a escutar Jamiroquai, John Mayer, fui para uma outra praia.

Você já pensou em gravar um disco com o seu pai?
Tenho vontade. Sempre gravei uma guitarrinha ou outra nos discos dele. Mas ainda não estou no nível, não.

Em Malhação, você faz o papel de Bernardo, que ajuda um amigo a se livrar das drogas. Você já passou por situações assim na sua vida?
Não quero citar o nome da droga, mas me distanciei de três amigos, por serem usuários.

E você já experimentou alguma droga?
Já fumei maconha. Mas, se eu falar que fumei, mesmo, é mentira. Eu era moleque e achava que era um baseado, mas devia ser orégano. Tinha cheiro de tempero. Eu devia ter 13 ou 14 anos, a molecada gostava de enganar os outros com orégano.

Deu barato?
Ah, todo mundo fumava orégano e dizia que ficava muito louco.

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